Células-tronco injetadas em cães com distrofia muscular regeneram musculatura
Célula-tronco é usada em pesquisa para recuperar cão com paralisia
Animais operados voltam a movimentar pernas e pesquisadores ficam otimistas com aplicação em humanos
Sábado, 04 de Junho de 2011 – 23h30 ( Atualizado em 04/06/2011 – 23h53 )
Mariana Lucera
Uma pesquisa feita pelo INCTC (Instituto Nacional de Células-Tronco e Terapia Celular), com a colaboração do Hemocentro de Ribeirão Preto, tem usado células-tronco retiradas da polpa do dente de leite humano para tratar paralisia em cães com lesões crônicas na medula. Os animais, operados há um mês, já conseguem responder a reflexos nas patas traseiras, que antes não tinham, e conseguem se movimentar em esteira aquática, sem o peso da gravidade.
O estudo é desenvolvido há dois anos, por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) da Capital. “Nosso objetivo é fornecer bases para o tratamento da paralisia em humanos, por meio de resultados obtidos com tratamento de animais”, diz o pesquisador Matheus Levi Tajra Feitosa.
Quatro cães das raças lhasa apso e dachshunds foram operados. Um dos lhasas, o Juquinha, foi o primeiro a apresentar resultados positivos ,depois de um mês de operação (veja vídeos).
Em escala de 0 a 14, na qual 0 seria a total paralisia e 14, a total movimentação, o cão saiu do estágio 4 para o 8. “Foi uma evolução considerável em um curto período de tempo”, diz Feitosa.
O lhasa Bond, operado há 15 dias com células-tronco, desta vez retiradas da medula óssea canina, já apresenta melhora, mas será avaliado nesta semana. “Acreditamos que ele deve ter o mesmo tipo de evolução que o Juquinha”, diz Feitosa.
O pesquisador Carlos Alberto Almeira Sarmento diz que os resultados são promissores. “Depois da cirurgia, é fundamental iniciar a fisioterapia, que potencializa os resultados.”
Escolha
Os cães submetidos a cirurgia são escolhidos em uma clínica veterinária da Capital. São animais que sofreram lesão na coluna, perderam movimentos há pelo menos um ano e não têm mais chances de voltar a andar. “Explicamos para os donos todos os riscos, que são os mesmos de uma cirurgia padrão”, diz Feitosa.
A primeira parte da pesquisa deve ser concluída ainda neste ano. Para levar o tratamento para testes com humanos, os pesquisadores do INCTC precisarão de mais cinco anos.
“Novos alunos ainda vão ingressar nessa pesquisa e darão continuidade”, conta Feitosa.
Teste em humanos
Cientistas da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e do Centro de Biotecnologia e Terapia Celular do Hospital São Rafael, em Salvador (BA), revelaram, na semana passada, que um policial militar de 47 anos, que ficou paraplégico há nove anos, passou por um transplante de células-tronco há quase um mês e já consegue movimentar as pernas. O nome dele não foi revelado. Os médicos usaram células-tronco mesenquimais, que são encontradas primariamente na medula óssea e dão origem a vários tipos de tecidos. Elas são retiradas do osso do quadril do próprio paciente e injetadas diretamente no local em que a coluna foi atingida.
Ainda é cedo para dizer se ele andará novamente. Outras 19 pessoas com lesões na medula também vão receber células-tronco.
De ossos
Além da polpa do dente de leite, os pesquisadores também têm retirado células-tronco da medula óssea fetal canina na pesquisa. Ambas as fontes de material já foram amplamente caracterizadas e testadas em animais e não causaram malefícios.
As células-tronco da medula óssea fetal de cachorros apresentam menor risco de rejeição, por serem um tipo de transplante heterólogo, ou seja, de animais da mesma espécie.
No entanto, as células da polpa dentária humana apresentam maior predisposição a formar células de origem nervosa do que as retiradas da medula óssea. Os dois tipos foram testados e não apresentaram formação de tumores.
As células-tronco retiradas da polpa dentária humana foram injetadas na musculatura de cães com distrofia muscular e regeneraram os órgãos. Dos animais que já passaram pela cirurgia, são os dois da raça lhasa apso que demonstraram maior melhora. Cada um foi operado com um tipo de célula.
Os outros dois animais operados, que ainda estão em fase de teste, são da raça dachshunds e receberam célula-tronco da medula óssea canina. “Mas esses cães não apresentaram melhoras semelhantes aos outros animais, porque tinham uma lesão mais extensa, já havia contratura dos membros pélvicos e uma grande atrofia”, explica o pesquisador Matheus Levi Tajra Feitosa.
Os resultados obtidos até hoje não dão conta de identificar qual dos tipos de célula é o mais eficaz.
As células-tronco
As células-tronco são primitivas e produzidas no desenvolvimento do organismo para originar outros tipos de célula. Pesquisadores tentam usá-las para sanar tecidos danificados.
São vários tipos. As totipotentes podem produzir todas as células embrionárias e extraembrionárias. As pluripotentes originam tipos celulares do embrião. As multipotentes são as que produzem várias linhagens. As oligopotentes dão origem a células dentro de uma única linhagem. As unipotentes produzem somente um tipo celular maduro.
Fonte: www.jornalacidade.com.br
Meu filho Klynio ja foi na Usp no genoma ele vai fazer 9 anos agora em setembro ele apresenta quadro de distrofia muscular e quando leio essas materias sobre celulas tronco fico cheio de esperanças. Graças a deus ele ainda esta andando. Será que ele alacançará um tratamento assim. Abraço. José Nilton.