Cientistas fazem pacientes movimentarem cursor do computador com a mente
Técnica poderá ajudar pessoas que perderam a voz ou que possuem mobilidade limitada
06 de abril de 2011 | 20h 36
EFE
Washington, 6 abr – Um grupo de cientistas da Universidade de Washington conseguiu que seus pacientes movimentem o cursor do computador com a mente colocando eletrodos diretamente no cérebro deles para registrar a atividade elétrica.
O estudo, publicado nesta quarta-feira na revista Journal of Neural Engineering, indica que esta descoberta terá grandes aplicações para os pacientes que perderam a voz devido a uma lesão cerebral ou pacientes com mobilidade limitada.
Os cientistas empregaram uma técnica chamada eletrocorticografia (ECoG), utilizada para pesquisar as regiões do cérebro que causam epilepsia.
O processo da ECoG foi aplicado às interfaces cérebro-computador (BCI), com objetivo de ajudar pessoas com incapacidade de interagir com seu entorno, e os cientistas conseguiram estimular o movimento das extremidades.
O doutor Todd Kuiken já apresentou, na reunião anual da Associação Americana para o Avanço das Ciências (AAAS), realizada em fevereiro em Washington, uma técnica que permite aos pacientes controlarem suas próteses apenas pensando na ação que desejam realizar.
No entanto, este estudo vai além. O doutor Eric Leuthardt e sua equipe trabalharam com quatro pacientes que sofriam de epilepsia, que tiveram eletrodos implantados no cérebro para vigiar os impulsos aos estímulos aos quais foram submetidos.
Os cientistas deram aos pacientes uma lista de palavras relacionadas com as ações que precisavam realizar para movimentar o cursor do computador. Por exemplo, dizer ou pensar na palavra “AH” movimentaria o cursor para a direita.
Os eletrodos emitem sinais que são processados e armazenados em um computador e descobriram que o cérebro pode controlar com mais de 90% de precisão o cursor.
“Este é um dos primeiros exemplos, em um grau muito pequeno, do que se chama de leitura de mente”, disse Leuthardt, que assinalou que espera que as operações futuras sejam feitas em microescala para que os implantes sejam menos invasivos.
Os cientistas esperam poder inserir mais adiante os implantes de forma permanente no cérebro para ajudar a restaurar a funcionalidade dos pacientes incapacitados e, inclusive, ler a mente.
“Queremos ver se podemos não apenas detectar quando a pessoa está dizendo cachorro, árvore, ferramenta ou alguma outra palavra, mas também aprender como ler a mente, o que é a ideia pura desse conceito”, assinalou.
“É emocionante e dá um pouco de medo pensar na leitura de mentes, mas existe um potencial incrível para as pessoas que não podem se comunicar”, assegurou.
Fonte: www.estadao.com.br/noticias
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