Proteção natural contra distrofia está no próprio genoma, diz grupo
24/03/2009 – 09h52
EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo
Uma doença sem cura que, aos poucos, causa degeneração dos músculos da face e da cintura. Dois membros da mesma família portadores da mutação que pode desencadeá-la. Um tem a disfunção. O outro não tem nenhum sintoma.
Ao investigar, em cinco famílias, a razão dessa discrepância, cientistas da USP acabam de abrir um caminho alternativo para entender as conexões genéticas da doença, um tipo de distrofia muscular. No futuro, a detecção exata de onde está o problema genético poderá ajudar no controle da disfunção.
“É um processo que ocorre em paralelo a um outro campo de estudo, o da terapia celular via células-tronco”, afirmou à Folha a geneticista Mayana Zatz, principal autora da pesquisa, cujos resultados são publicados hoje na revista “PNAS”. O grupo brasileiro é especialista em estudar a genética das distrofias.
Os resultados da pesquisa, diz Zatz, permitem alicerçar uma hipótese de trabalho.
“A expressão gênica das pessoas sem sintomas mostra que existem outros genes, além daquele onde está a mutação para distrofia, dando uma espécie de proteção [contra a doença].”
O problema, agora, é identificar onde essas novas conexões genéticas estão. Uma das suspeitas, diz Zatz, recai sobre os microRNAs. Essas moléculas, descobertas nos anos 1990, a cada ano se consolidam com grandes reguladoras do genoma humano. “Mas outros genes podem estar envolvidos”, diz.
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